Tecnomagia

No campo da Tecnomagia, elementos tecnológicos e científicos são aliados a aspectos mágicos e ocultos, criando teorias e práticas próprias. Este campo de estudo pode se materializar na forma de trabalhos que expliquem o funcionamento da magia usando conceitos científicos, ou no uso de elementos cibernéticos e computacionais como meios ou como auxílio nos métodos mágicos mais tradicionais.

Matemática

Na vertente matemágica, os elementos da magia podem ser descritos e quantificados usando equações. Em alguns de seus trabalhos, Peter J. Carrol aliou os conceitos do Caoísmo e da Magia do Caos ao rigor matemático das equações empíricas, propondo um estudo algébrico das práticas mágicas e seus resultados. Os principais trabalhos publicados por Carroll que possuem análises nesse sentido são Liber Kaos, PsyberMagick e The Octavo.

As equações utilizam variáveis para representar aspectos subjetivos, que são convertidos para valores numéricos a partir de uma análise de seu nível ou de sua grandeza. Por exemplo, o “nível de gnose” no qual uma pessoa se encontra pode estar em um intervalo de 0 a 1. Sendo assim, entende-se que o valor 0 seria um estado “totalmente desperto” (sem nenhum nível de gnose), e o valor 1 seria uma “gnose profunda” (em um estado totalmente não dual). A análise dos valores intermediários, por sua vez, depende da interpretação do magista, com base em seus conhecimentos e suas percepções sobre as próprias práticas e rituais.

Cibernética e Informática

No Tecnoxamanismo, um movimento recente que tem realizado oficinas em vários países e angariado entusiastas por todo o mundo, as técnicas e filosofias xamânicas são aliadas à tecnologia para criar rituais, práticas e estudos que se beneficiem de aspectos ancestrais e futurísticos. Uma das práticas é a criação de robôs mimetizando organismos vivos, que podem servir como pequenos familiares. Estes familiares podem ser utilizados, então, como moradas para servidores, sendo sua representação no plano físico. Um conceito similar é explicado por Peter Carroll em seu livro PsyberMagick, com a denominação de “Cybermorfo”, um corpo físico que pode ser associado a um Servidor ou Eidolon.

Além das aplicações mais diretas de tecnologia em trabalhos mágicos, a Tecnomagia pode englobar também o simples fato de difundir e trocar conhecimento em grupos pela internet, incluindo a realização de oráculos por redes sociais ou conversas de vídeo. Também estão disponíveis na internet diversos aplicativos para criar sigilos, sortear cartas ou outros oráculos, acessar bibliotecas de símbolos e consultar imagens relacionados ao ocultismo. Algumas bibliotecas que possuem livros raros disponibilizam seu acervo na internet, e muitos destes livros possuem conteúdo sobre magia e ocultismo.

Quântica

Várias vertentes mágicas têm tentado aproximar conceitos de física quântica com definições esotéricas, e é interessante perceber que realmente há certa similaridade entre os conceitos conhecidos há milênios por diversas culturas antigas e os que estão sendo construídos agora no âmbito acadêmico. Porém deve-se tomar cuidado para que essas analogias não sejam vistas como “comprovação científica” da magia, ou que seja feita uma hierarquia entre saberes, como se a ciência tivesse que chancelar todos os conceitos metafísicos.

O tunelamento que permite que elétrons atravessem paredes, o emaranhamento quântico ou efeito fantasmagórico à distância, a influência do observador sobre o sistema observado, a capacidade de um sistema se manifestar de diversas formas possíveis para cada pessoa que o mensura, os buracos de minhoca que permitem que a energia atravesse o espaço-tempo, entre outros exemplos, são conceitos que têm sido descobertos recentemente, e que possuem analogias interessantes com conceitos esotéricos.