Magia do caos

Servidores

De forma geral, um servidor é uma entidade construída por um ou mais magistas com objetivo específico, e que pode ser usada por um ou mais magistas que desejem este objetivo. Muitas vezes, a criação de servidores é baseada em contratos escritos, mas existem métodos de criação que utilizam apenas a canalização das energias desejadas.

Em termos de funcionalidade, de fato, os servidores se assemelham muito a outros tipos de entidades. Dessa forma, a prática de criação e utilização de servidores pode ser realizada de forma mais produtiva caso sejam entendidas as diferenças e as semelhanças com estes outros tipos.

Tipos de Entidades

As descrições documentadas acerca dos tipos de entidades não são tão fixas e rígidas como parecem. Ao longo do tempo, as palavras foram re-significadas, adaptadas, e novas definições foram sendo acrescentadas, enquanto outras caíram em desuso. Porém, é importante que se tenha uma ideia das diferenças e semelhanças entre os servidores e outros tipos de entidades, para seu uso da forma mais vantajosa possível.

  • Divindades: geralmente este termo se aplica a energias que foram personificadas ao longo dos séculos na forma de deuses, semideuses, Devas, Anunakis, ou outras nomenclaturas possíveis. Estão relacionados a aspectos naturais, mentais, espirituais, físicos ou energéticos, e para que uma entidade alcance este nível esta deve ser conhecida por um grupo, sociedade, etnia ou cultura, podendo ou não ser cultuada. Pelo caráter cultural, esta classificação geralmente se aplica a entidades mais antigas, que sobreviveram à passagem do tempo e foram sendo passadas entre as gerações — o que não é o caso, ainda, dos servidores mais recentes, devido à sua baixa (porém crescente) publicidade, e a seu poder limitado.
Imagem: Adam Warlock and Cosmic Entities
  • Espíritos: são entidades que habitam os planos espirituais, por vezes também sendo acessíveis no plano astral ou etérico, e consistem nas almas de pessoas que não estão encarnadas. De forma mais geral, o termo pode se aplicar a energias diversas que habitam nestes planos. Os espíritos podem ser atraídos pelo magista, mas de forma geral não são criados por ele de forma consciente, como os servidores. No espiritismo, podem ser almas humanas desencarnadas, no budismo podem ser espíritos famintos ou habitantes dos infernos de tormento, e na mitologia moderna ocidental podem ser entendidos também nessa categorias as assombrações ou fantasmas. Na Magia do Caos são muito citados os obsessores, que são conceitos importados de outros Sistemas como a ideia de espíritos parasitas astrais que se alimentam de obsessões que geramos em nós.
  • Santos e Heróis: no Cristianismo, os Santos são associados a pessoas que realmente viveram, embora seus feitos possam ter sido distorcidos e exagerados ao longo dos séculos, ou ainda descritos de forma metafórica. A história de vida “oficial” de cada um dos santos católicos, por exemplo, pode ser consultada nos arquivos do Vaticano, e algumas delas estão disponíveis na internet. Na cultura nórdica antiga, alguns heróis mortos eram reverenciados e usados de inspiração, como homens que habitavam aquele momento o Valhalla, era um incentivo para os guerreiros vikings lutarem suas batalhas. Na Grécia Antiga também pode se entender os heróis como personificações santificadas pela cultura guerreira dos helênicos, que conduziu boa parte da cultura de formação moral e ética daquele povo. As energias dos Santos e dos Heróis são atraídas de forma a obter as graças que estas pessoas teriam realizado em vida, embora muitas destas graças possam ter sido imputadas a eles posteriormente, não sendo baseadas em fatos. A diferença básica para os servidores seria o fato de os santos e os heróis não terem sido criados por um magista, mas sim registrados pela instituição eclesiástica (inclusive com procedimentos específicos envolvidos na beatificação) ou pela tradição oral e escrita, além do fato de acreditarem-se terem vivido como pessoas reais, e realizado tais feitos.
Imagem: DC Abstract Entities-Time-The Sandman — Overture #4 (2015) — Page 6
  • Eidolons e Dæmons na Grécia: na cultura grega, acreditava-se que os humanos que morriam de forma heróica se tornavam Daemons, podendo migrar entre a superfície e o subsolo da Terra, servindo de intermediários entre os humanos e os Deuses. Já os humanos que morriam de velhice se tornavam Eidolons, vagando eternamente no Hades sem personalidade e com expressão vazia. A função dos Daemons como intermediários entre os humanos e os Deuses pode ser associada à realização de desejos dos magistas pelos servidores (na cultura árabe, inclusive, estas entidades foram descritas como Gênios ou Djinns), porém sua criação independe da vontade de um magista, o que é uma diferença crucial para fins de classificação.
  • Asuras e Devas na Índia e China: Em uma cosmovisão muito diferente das referências ocidentais, nos dois reinos mais elevados do Samsara, dentre os 6 reinos do budismo, existem duas categorias de entidades que nada se assemelham com espíritos ou humanos. Os Asuras são como entidades guerreiras de extremo poder e longevidade, que vivem embebidos de bonanças e orgulho. Seriam análogos a demônios em uma visão simplista de suas manifestações mitológicas (seres vermelhos, imensos, com fogo saindo das ventas), mas Asura em Páli significa “antideus”, ou como se fossem deuses egoístas que não trabalham para ajudar ou conduzir a humanidade, senão conduzir seus próprios desejos e conquistas e glórias. Já os Devas seriam o mais próximo de anjos na cosmogonia Hindu, seriam como seres sencientes de vários níveis e camadas (desde seres físicos que se alimentam e dormem, até feitos de pura luz que se alimentam de sua própria emanação). Eles seriam seres que acumularam um carma tão positivo que em uma encarnação nasceram plenos de todos os prazeres que podem receber no universo. Servem às vezes como guias mas em geral nem se dão conta da existência humana, tão grande é sua glória e sua liberdade. Embora complexa, caso a evocação destes seres seja bem sucedida, estes poderiam conceder pedidos com finalidades de dispersão e evolução (no caso dos Asuras) ou concentração e manutenção (no caso dos Devas).
  • Shinigamis e Onis: na mitologia xintoísta, existem duas classes de entidades que não possuem correspondência direta no panteão espiritual ocidental. Os Onis são como os “demônios” na forma mais bestial, são criaturas malignas, mas que serviam dentro dos propósitos de fábulas japonesas sobre as consequências da má criação das crianças. Eram como monstros que comiam almas. Já os Shinigamis seriam equivalentes ao ceifeiro das lendas europeias, ou deus da morte, as entidades que vinham para levar as almas dos homens e conduzi-las ao lugar que pertenciam de acordo com o resultado de seus atos na Terra. Podem ser evocados e suas características podem ser atraídas pelo magista, mas como no caso das divindades já possuíam existência própria, estando previamente relacionados a alguns aspectos do Cosmos.
Imagem: modelo de contrato com o Demônio Padiel (em Skinner e Rankine — The Goetia of Dr. Rudd).
  • Demônios e Anjos: as emanações das energias de dispersão e de evolução e das energias de concentração e manutenção foram personificadas há longo de milênios como anjos e demônios. Possuem diversas hierarquias e níveis de poder, podendo estar associados também a planetas, horas, dias, direções cardeais e elementos alquímicos. São descritos em diversos grimórios, principalmente nos cinco livros de Magia Salomônica que compõem o Lemegeton. Os mais famosos dentre os demônios e anjos de menor hierarquia são os 72 Daemons da Goécia e os 72ShemHamPhorash correspondentes, que por estarem mais próximos dos humanos podem ser evocados de forma mais direta. Estas entidades foram evocadas e compiladas por diversos magistas, mas os relatos aos quais se tem acesso indicam que possuíam existência própria, não sendo criados como os servidores. De qualquer forma, como os servidores, cada um possui características próprias, podendo ser escolhido o melhor Daemon ou ShemHamPhorash para cada objetivo a ser alcançado.

No Compêndio de Magia Salomônica do Dr. Rudd, é apresentado um modelo de contrato com um demônio, permitindo observar que, na época que o livro foi escrito (por volta de 1650), já havia uma preocupação em limitar-se a atuação das entidades, para evitar ações indesejadas.

  • Familiares e Animais Totêmicos: os familiares animais são usados por feiticeiros e citados em diversos tratados sobre magia, principalmente os de origem europeia e os da época medieval. Tratam-se de animais que auxiliavam o magista em suas práticas, tendo existência física como animais, mas com características mágicas, e podendo em alguns casos se comunicar com o magista. Neste caso, a consciência mágica pertence ao próprio animal, que também é o veículo para a energia, e ele possui atuação independente do magista, sem limitar-se a apenas uma atividade. Ao contrário dos familiares, os animais totêmicos não possuem existência física (embora possam aparecer no mundo físico como sinais ou avisos). São guias astrais que correspondem a forças primordiais do inconsciente do magista, e se aliam a ele em sua jornada. Uma classe de entidades similares é a dos Familiares Espirituais, espíritos que são comandados por uma força superior para seguirem um magista e auxiliá-lo em suas práticas. Apesar de terem o mesmo caráter auxiliar dos servidores, considera-se que possuem existência independente do magista, não sendo criados conscientemente pelo mesmo, mas sim sendo atraídos por afinidade de frequências.
  • Elementais Naturais, Homúnculos e Golems: na Alquimia, são citados diversos rituais para atrair elementais, que são seres relacionados aos elementos e que existem naturalmente no plano astral — os principais são os duendes e gnomos (terra), os silfos e fadas (ar), as ondinas (água) e as salamandras (fogo). Estes elementais são correspondentes a estados mentais específicos, e podem influenciar o magista ou outras pessoas. Os Homúnculos e os Golems (estes últimos também utilizados na magia judaica) seriam entidades criadas pelo próprio magista. Nesse sentido, um golem seria um corpo físico, criado artificialmente (de metal, barro ou madeira) que foi animado por meio de um ritual, e pode fazer tarefas para o magista. Já um homúnculo seria um elemental artificial criado pela prática alquímica (mas geralmente com base em uma substância física, como sêmen ou metais), e que vive no plano astral — observa-se grande semelhança com os servidores modernos.
Imagem: Giulio Romano c. 1532–1534 The Assembly of Gods Around Jupiter’s Throne Sala dei Giganti.
  • Tulpas e Formas-Pensamento: na Magia Tibetana, as Tulpas (derivadas do termo “sprul-ba” — emanar algo de forma proposital) são criadas mediante forte intenção e concentração, por meio de práticas direcionadas. Podem seguir o magista, e algumas podem mesmo ser vistas por outras pessoas. As Formas-Pensamento estudadas na Teosofia são um tipo mais geral de manifestação, podendo ser relativas a objetos inanimados ou a entidades animadas. O conceito de Tulpa foi distorcido ao ser transposto para o Ocidente, mas de forma geral as Tulpas e as Formas-Pensamento se assemelham muito a servidores, diferindo apenas nas práticas específicas de criação, e nas limitações impostas.
  • Parasitas Astrais: de forma geral, é entendido que algumas entidades, com existência independente ou criadas por magistas, podem se alimentar de energias psíquicas, um fenômeno chamado de parasitismo — ressalte-se que o termo “vampirização” não seria o mais correto para tal, uma vez que por “vampiro” atualmente se definem algumas vertentes mais modernas de magia que não têm a ver com parasitismo energético. Um exemplo de parasitismo pode ser visto em relação às Lendas Urbanas, que de tanto serem incutidas no inconsciente coletivo passam a ser vistas por pessoas em momentos de vulnerabilidade, cansaço, sonolência ou estresse. Quando se alimentam do medo, estes parasitas vêm sendo inclusive chamados de “Tulpas” (termo utilizado como corruptela, e somente em uma visão Ocidental, muito diferente do conceito original, Oriental, de Tulpa). A diferença básica para os servidores, neste caso, é que a alimentação energética dos servidores é controlada e ocorre sempre de forma proposital pelo magista — desde que bem estabelecida no momento de sua criação — e não de forma predatória ou descontrolada.
  • Mônadas: no gnosticismo existe o conceito de uma essência que está ligada a todas as almas sencientes, e essa essência pode se manifestar como uma entidade semelhante a um homúnculo, uma criatura humanoide minúscula feita de luz e linguagem. Essas entidades têm uma descrição semelhante na experiência com DMT do psiconauta Terence Mckenna, como pertencentes a uma dimensão feita de linguagem e muito mais evoluída que a nossa. Para Samael Aun Weor, todos nos tornamos mônadas após 108 vidas humanas sem alcançar a iluminação, e este seria o motivo do número de contas no colar de Buda. De forma geral, as mônadas possuem existência independente do magista, e não são criadas propositalmente, mas podem ser atraídas e utilizadas para os mesmos fins que os servidores.

Elementais Artificiais na Golden Dawn

Imagem: o Alquimista Enrique de Villena criando um homúnculo.

Na Golden Dawn, cada um dos membros se aperfeiçoou em um conjunto de sistemas mágicos, e neste contexto, por volta de 1910, a magista Dion Fortune desenvolveu, com base em diversos sistemas mágicos antigos, dentre eles a Alquimia, seu método de criação de elementais artificiais. Os elementais surgiam como formas-pensamento, mediante forte intenção e propósito, sendo moldados pelas forças psíquicas do magista e realizando atividades pré-determinadas.

Estes seres construtos possuíam um caráter similar ao de várias classes de entidades, como as que foram descritas anteriormente, e as formas utilizadas para sua criação eram próximas às da Teosofia e às da Magia Tibetana. Fortune alegava, no caso, ter criado um elemental artificial na forma de um lobo ou lobisomem, que dormia aos pés de sua cama (leia mais sobre, aqui).

Servidores na Magia do Caos

Imagem: Chariot’s Wheels

A partir da ideia de elementais artificiais, os círculos de Magia do Caos aperfeiçoaram as metodologias para criação de servidores que realizassem ações para o magista. Entre outras definições, a criação de servidores pode ser entendida como o ato de plasmar, no mundo externo, uma porção da psiquê do magista, na forma de uma entidade separada. Em seu trabalho User’s Guide to Servitors, o autor Phil Hine comenta que:

Ao deliberadamente germinar porções de nossa psiquê e identificá-las por meio de um nome, traço, símbolo, nós podemos trabalhar com elas (e entender como elas nos afetam) a nível consciente.

Sendo assim, a atuação dos servidores é, por um lado, similar à dos sigilos (uma vez que há intuitos e objetivos específicos embasando sua criação), e por outro lado mais independente (pois os servidores podem se movimentar pelo astral para realizar estes serviços de forma mais direta, também se comunicando de forma mais direta com o magista). De forma geral, os servidores podem ser relacionados a um sigilo, ou a um objeto, que servirão como sua morada ou simples ponto de ancoramento, e possuem algumas características essenciais — na definição típica Caoísta:

  • Criação Consciente: os servidores são criados conscientemente, de forma deliberada, por um magista, e não possuem previamente uma existência própria como um aspecto mental, natural ou espiritual.
  • Especificidade: os servidores são criados com características e objetivos específicos, incluindo limitações, traços de personalidade, fontes específicas de alimentação e formas específicas de evocação/destruição. Para especificar tais aspectos, pode ser feito um contrato por escrito.
  • Movimentação: diferente de sigilos, fetiches ou outros elementos mágicos inanimados e imóveis, geralmente se considera que os servidores podem fluir pelo astral, e podem realizar atividades em diferentes lugares, assim como seguir o magista, dependendo do objetivo para o qual foram criados.
  • Hierarquia: crê-se que os servidores estão dentro de uma grande cadeia contínua de entidades que se manifestam no astral, que em uma visão física equivalem às faixas vibracionais e às diferentes frequências. Os servidores estariam em um grau vibracional abaixo do nosso nível mental, nessa cadeia, sendo subordinados à nossa vontade e dependentes da nossa energia.
  • Desenvolvimento: existe também a ideia de que o servidor pode se desenvolver com o tempo e mudar de nível hierárquico. Por medo, culpa, ou por algum tipo de paranoia que transforme o servidor em um inimigo do magista (pedidos não cumpridos, ou extraviados, insatisfação do criador quanto à atuação do servidor), ele poderia ganhar uma energização excessiva e se alimentar do medo que ele percebe estar gerando no usuário de sua energia. Por outro lado, haveria a possibilidade do servidor ganhar reverência, ser recompensado, ser colocado acima de seus usuários como se fosse um deus, ou se tornar conhecido por muitas pessoas e por mais de uma geração humana, e então sua energização hiperbólica o transformaria em algo superior, independente.

Cabe ressaltar que servidores podem ser construídos com base em entidades já existentes, mas neste caso eles não serão aquela entidade propriamente dita, apenas compartilharão aspectos com a mesma. O mesmo se aplica a servidores criados a partir de personagens fictícios ou pessoas que existem ou existiram. O ato de um magista se conectar à energia destas entidades, personagens ou pessoas (e às suas egrégoras) seria vetorialmente diferente da criação de um servidor relacionado a elas.

Os 40 Servidores e os 4 Demônios

Os 40 servidores foram criados pelo magista e artista visual Tommie Kelly, utilizando arquétipos conhecidos pela sociedade contemporânea para obter um conjunto completo e coerente representando o universo Físico, Mental e Espiritual. Neste conjunto de servidores, cada um representa alguns aspectos, e tem seu próprio campo de atuação, sendo que podem ser utilizados para divinação, ou obtenção de objetivos diversos.

Na página do projeto, podem ser encontradas maiores informações sobre os 40 Servidores, assim como um guia de utilização em português.

Imagem: GIF dos 40 servidores, por Tommie Kelly.

Além dos 40 servidores, Kelly criou 4 demônios que englobam aspectos mais gerais, e possuem área de atuação mais completa, relacionados a Saúde, Riqueza, Felicidade e Sabedoria. De certa forma, estes 4 aspectos se relacionam com os elementos Fogo (a centelha de vida), Terra (os bens materiais), Água (os sentimentos) e Ar (o conhecimento), respectivamente.

TecnoXamanismo e Cybermorfos

No Tecnoxamanismo, um movimento recente que tem realizado oficinas em vários países e angariado entusiastas por todo o mundo, as técnicas e filosofias xamânicas são aliadas à tecnologia para criar rituais, práticas e estudos que se beneficiem de aspectos ancestrais e futurísticos. Uma das práticas é a criação de robôs mimetizando organismos vivos, que podem servir como pequenos familiares. Estes familiares podem ser utilizados, então, como moradas para servidores, sendo sua representação no plano físico.

Imagem: criação de um organismo cibernético que emite sons como um pequeno inseto e se alimenta de energia solar (Oficina BEAM — Organismos Solares).

Um conceito similar é explicado por Peter Carroll em seu livro PsyberMagick, com a denominação de “Cybermorfo”, um corpo físico que pode ser associado a um Servidor ou Eidolon:

“O magista pode criar uma base material para um Cybermorfo de propósito geral (…). O magista pode carregar fisicamente a base material próxima ao seu corpo em todos os momentos (…). O magista pode, por esforço profundo em rituais, fantasia e imaginação, tratar as formas astral e material do Eidolon como sigilos para uma senciência nomeada e semi-autônoma”.

No caso de ser criado um servidor para um propósito específico pelo magista, a ligação entre ele e o servidor seria maior do que utilizando-se uma entidade já existente. Além disso, o corpo material (sendo ele cibernético ou um objeto mais simples) também facilita a conexão entre o magista e a entidade. Dessa forma, os resultados do trabalho mágico são otimizados.

Criação de Servidores

A criação de servidores pode ser realizada por diversos métodos, incluindo adaptações de métodos milenares, ou métodos próprios. Vários fóruns de Magia do Caos descrevem métodos para a criação, incluindo modelos de contratos que permitem limitar a atuação do servidor para os objetivos específicos. Pode ser utilizado, por exemplo, um método análogo aos de sigilização (como os descritos por Carroll, detalhados aqui), inclusive atrelando o servidor a um sigilo que tenha sido criado anteriormente.

Imagem: exemplo de criação de um servidor para auxiliar a fazer sigilos, a partir de um sigilo — por Gabriel Costa.

Após a definição da forma que o servidor irá tomar, este deve ser mentalizado, preferencialmente com foco no sigilo ou no objeto físico (se houver) que irá ancorar a entidade. Outra técnica possível é imaginar o servidor andando ao lado do magista, até que esta imaginação se torne tão natural que ocorra automaticamente, sem necessidade de esforço mental — automaticamente, será entendido que o servidor está acompanhando o magista.

Alimentação Energética

A definição da fonte de energia que alimentará o servidor é importante, pois permite seu fortalecimento, e sua obtenção de recursos para realizar as atividades propostas pelo magista. Esta fonte pode ser definida no contrato (se houver), ou pode ser, de forma simples, a própria força de vontade, intenção, ou energia psíquica do magista que criou o servidor.

Alternativamente, a fonte energética pode ser a visualização do sigilo por qualquer pessoa, o agradecimento público após a realização dos objetivos, o uso de velas e incensos, oferendas em geral, ou mesmo energia elétrica, no caso de cybermorfos.

Visualização e Contato

Como mencionado anteriormente, é interessante que a primeira visualização e o primeiro contato com o servidor se deem no momento da criação, para que sua forma seja moldada e seus objetivos fiquem bem definidos. Após este momento, o servidor pode ser enviado para sua morada, ou banido temporariamente, retornando quando for solicitado. Sendo assim, a visualização e o contato se darão por meditação, imaginação ativa, viagem astral, ou outro método à escolha do magista, sempre que o servidor for convocado para um diálogo, ou para realizar nova atividade.

Destruição

Quando um servidor não for mais desejado, pode ser banido permanentemente, ou destruído. Neste caso, o método de destruição também pode ser definido a priori no contrato, mas de forma geral a destruição da morada física ou sigilo, ou ainda a reabsorção pela psiquê do magista, bastariam para sua finalização.

Lembrando que um servidor é uma porção da mente do magista plasmada no mundo externo na forma de uma entidade. Dessa forma, este será apenas tão poderoso quanto o for o próprio magista, e a força de vontade se apresenta como elemento importante para comandar sua atuação. Pela Lei da Correspondência, magista e servidor se tornam indissociáveis (mesmo que isto não seja compreendido de forma consciente) desde o momento da criação.

Imagem: os 40 servidores, por Tommie Kelly.

Por: Projeto Xaoz.

Referências: O livro dos resultados — Ray Sherwin; Liber Null e Psiconauta — Peter CarrollPsybermagick — Peter CarrollThe Goetia of Dr Rudd — Skinner e RankineA Magia das Formas-Pensamento — ASHCROFT-NOWICKI, Dolores e BRENNAN, J. H.Os Quarenta Servidores— Tommie KellyCaos Condensado — Phil Hine.

Magia do caos

Sigilos

Desde tempos imemoriais o ser humano tem expressado ideias por meio de símbolos e glifos. Dos símbolos Adinkra africanos até a notação matemática moderna, estes símbolos expressam ideias que não poderiam ser descritas em poucas palavras, por serem conceituais e arquetípicas — e por vezes se desdobrarem em mais de uma interpretação. Símbolos também foram usados para criptografar mensagens, certificando que apenas os conhecedores da estrutura de tradução teriam acesso ao conteúdo das mesmas.

Imagem: alguns símbolos Adinkra compilados por Robert Rattray.

Por volta de 1500, magistas começaram a registrar de forma escrita um sistema mágico baseado em codificar intenções na forma de desenhos compostos por símbolos e traços, servindo como método geral. Entre estes magistas, podem ser citados Agrippa e Trithemius, que em sua Steganographia apresentou o primeiro grande trabalho conhecido sobre o uso de sigilos especificamente para fins mágicos. Porém, está prática já era conhecida anteriormente, de forma indireta, nos cinco livros do Lemegeton, cujo conteúdo é atribuído ao Rei Salomão (que reinou por volta de 970 a 920 A.C.).

Mais recentemente, por volta de 1910, Austin Osman Spare retomou este conhecimento e publicou novos trabalhos sobre o assunto, e por volta de 1987 Peter Carroll fez o mesmo, aprimorando ainda mais esta arte.

Selos e Sigilos

Embora “sigilo” derive do latim “sigilum”, estando relacionado também ao hebraico “segulah”, e signifique tão somente “selo”, os significados das duas palavras são por muitas vezes diferenciados no sentido da prática mágica.

  • Selos geralmente se referem a símbolos que representam energias, entidades ou forças astrais e espirituais.
  • Sigilos geralmente se referem a mensagens ou intenções codificadas na forma de desenhos (ou mesmo outros formatos não pictóricos).

Sigilos na Antiguidade

De forma geral, os alfabetos utilizados atualmente derivam de símbolos, modificados através do tempo. Uma cabeça de búfalo, por exemplo, foi estilizada e modificada ao longo dos anos até se tornar a letra “A”. Os egípcios usavam os hieróglifos, e no Japão a escrita Kanji ainda tem em seus traços grande similaridade com os elementos que busca representar.

Quanto à construção de desenhos a partir de mensagens e frases, a escrita árabe sempre permitiu esta prática. As palavras árabes são conectadas por uma linha contínua, um fio condutor que permite sua torção e disposição em arranjos elaborados. Sendo assim, nos adornos de templos e na heráldica era comum encontrar desenhos que codificavam frases ou nomes. As suras do Alcorão, por exemplo (com exceção da 9ª), iniciam por Bismillah, que forma um “fecho” e permite que a frase seja amarrada em torno de si mesma com fácil localização de seu início e fim. Além disso, nas práticas judaicas da Merkabah, a entrada nos níveis celestes era auxiliada pelos selos correspondentes, que deveriam ser desenhados pelo magista.

Imagem: escrita artística árabe, no comic book Habibi, de Craig Thompson.

Na África subsaariana, os sigilos também eram extensamente utilizados, como por exemplo para codificar histórias, e para evocar energias ancestrais. A ideia de desenhar histórias e mensagens na areia, em tramas elaboradas, era muito utilizada pelo povo Tchokwe, da Angola (e chamada de desenho Sona). Já no campo mágico e espiritual, uma das práticas mais conhecidas de sigilização africana é o Traçado de Pemba, utilizado tanto para ancorar entidades no plano físico quanto para atrair suas qualidades ou codificar intenções e desejos.

Imagens: (a) desenho Sona contando a história de criação do mundo (site Rede Angola Cultura); (b) Pontos Riscados de entidades (site Umbanda Candomblé Comunidades); (c) Ponto Riscado com atributos de Oxalá (blog Astrologia dos Orixás).

A sigilização é presente também na cultura Nórdica, com o uso de Bandrunar (união de runas) e Insigils (sigilos rúnicos). Estas práticas da Magia rúnica consistiam na elaboração de desenhos que eram usados como talismãs ou entalhados na madeira das casas, buscando proteção ou sorte em batalhas. O desenho mais conhecido deste tipo é o Ægishjálmr, ou Elmo do Terror, um símbolo rúnico representando o elmo de mesmo nome que é citado nas Eddas, usado para a proteção de casas e pessoas.

Imagem: Ægishjálmr em um Galdrabók antigo. Fonte: Wikimedia Commons.

Nas histórias nórdicas, o elmo Ægishjálmr podia tornar seu usuário invisível, bem como fazê-lo se transformar em qualquer monstro para amedrontar seus inimigos, porém instilava cobiça e inveja em seus corações. Posteriormente, estas características foram imputadas a um anel, nas quatro Óperas de Wagner que formam a série O Anel dos Nibelungos. Estas óperas, além do mito original do Ægishjálmr, serviram como base para O Hobbit e O Senhor dos Anéis, de Tolkien.

Sigilos no Lemegeton

Nos livros Ars Theurgia e Ars Goetia, que fazem parte do Lemegeton, são descritos os selos dos líderes espirituais, dos Daemons e dos Shemhamphorash. Já no Ars Paulina, são descritos os selos planetários, muitas vezes direcionados para uma intenção específica, e no Ars Almadel são apresentados os selos dos principais coros de anjos, bem como suas conjurações.

Imagem: alguns selos planetários do Ars Paulina, utilizados para finalidades específicas, conforme apresentados na Clavícula de Salomão, de Samuel Mathers.

No Ars Notoria, são apresentados sigilos (chamados de Notas) que podem ser utilizados para as mais variadas finalidades, como acelerar o aprendizado ou obter conhecimento sobre uma área da ciência ou uma língua estrangeira. Os sigilos usados na Arte Notória eram construídos pelos magistas usando símbolos e elementos pertinentes àquela área do conhecimento. Por exemplo, o sigilo referente à gramática incluía os nomes de diferentes aspectos do discurso (morfologia, sintaxe, vocabulário, etc). Já o sigilo utilizado para aprender geometria contava com desenhos de linhas, triângulos, quadrados, pentagramas, estrelas de seis pontas e círculos.

As práticas Salomônicas, assim como as chinesas, consideravam que os portais de comunicação entre o mundo físico e o espiritual se abriam em lugares e horários específicos, por isso as direções cardeais e as horas planetárias sempre foram de vital importância na realização de qualquer intento mágico por estes sistemas.

Sigilos na Steganographia

Reconhecido como um livro de magia angelical e criptografia, este livro foi escrito por volta de 1499 pelo monge beneditino Johannes Trithemius, e utilizado por Agrippa, John Dee e Austin Spare em seus trabalhos. A ideia geral do livro era a de codificar mensagens por meio de sigilos, e então enviá-las para pessoas distantes, por meio espiritual. As mensagens poderiam também ser enviadas a espíritos angelicais, que então iriam realizar os desejos ali descritos, funcionando por si só como um método de magia simpática (sistema mágico baseado na atração do que é desejado).

Imagem: capa da Steganographia de Trithemius. Fonte: Wikimedia Commons.

Na Steganographia, são descritos métodos de sigilização que permitem a representação pictórica de desejos e intenções. As mensagens, antes escritas em Inglês, Latim, Hebraico ou Enoquiano, poderiam ser descritas de forma mais exata e desambígua desta forma sigilizada, o que facilitaria sua transmissão e realização. O trabalho mental envolvido na elaboração do sigilo faria parte, segundo Trithemius, da prática mágica, e potencializaria seu efeito. Após o desenvolvimento do sigilo, este era enviado à entidade desejada, o que deveria ser feito na hora correta e voltando-se para a direção cardeal adequada.

Sigilos por Austin Spare

Austin Osman Spare criou, por volta de 1910, técnicas de desenho e escrita automáticos, além de métodos de sigilização e um culto voltado à libertação do “verdadeiro eu” dos magistas, chamado Zos Kia. Em seu Livro do Prazer (Livro do Êxtase ou do Auto-Amor), Spare descreve como os sentimentos inconscientes podem estar ligados ao funcionamento da realidade externa, e como podem interferir na mesma, apresentando glifos para sua representação e práticas mágicas que incluem seu uso.

Imagem: correlação entre o alfabeto do desejo de Austin Spare, os símbolos de Peter Carroll e os símbolos alquímicos, apresentado em Liber Null e Psiconauta.

Nas descrições de sua prática com sigilos, Spare deixa claro que o envio de mensagens para serem atendidas por instâncias espirituais deve ocorrer de forma criptografada, uma vez que a linguagem humana não é suficiente para esta atividade. Além disso, Spare não utilizava horários, direções cardeais ou nomes de entidades, pois considerava que a realização dos intentos codificados nos sigilos ocorria por uma ou mais forças espirituais em consonância com o inconsciente do próprio magista.

Portanto, no momento da conjuração seriam selecionadas as energias corretas para levar a cabo cada objetivo, que então direcionariam o fluxo energético através do Éter. Este pensamento foi um dos que levou ao surgimento de novas vertentes de magia, baseadas em aspectos psicológicos e operadas pelo inconsciente do próprio magista. Isto aproximou ainda mais a magia da psicologia, e permitiu o uso mágico de ferramentas da psicanálise em conjunto com reinterpretações das evocações e invocações tradicionais.

Sigilos não Pictóricos

Além dos sigilos pictóricos, existem sigilos que codificam intentos de forma não pictórica, como mantras, músicas, frases, talismãs ou mesmo esculturas. A dinâmica de seu funcionamento é explicada pela Lei da Correspondência Hermética. Um objeto ou uma frase podem atrair algo desejado, bastando existir uma conexão entre o que foi feito, e o objetivo a ser atraído. Na magia egípcia, isto era realizado por meio de entalhes nas paredes, talismãs ou estátuas, e considerava-se que qualquer objeto consagrado iria formar uma versão “gêmea” de si no plano etérico, que poderia atrair ou repelir energias.

Imagem: músicas da série de jogos Zelda, que são utilizadas para teletransporte ou para manipular a realidade. Compiladas por OhRogan, no site Deviantart.

Hipersigilos

Quando os sigilos possuem uma extensão maior do que apenas a elaboração de um objeto, desenho ou frase, e necessitam de um maior tempo para sua manufatura, podem ser chamados de Hipersigilos. Entre os exemplos de hipersigilos, podem ser citados construções arquitetônicas, músicas com letras elaboradas, pinturas, livros, personagens ou pseudônimos criados especificamente para este fim.

Imagem: Cartuchos de Tuthmosis III em Deir el-Bahari. Fonte: Wikimedia Commons.

Egiptólogos atuais têm descoberto cada vez mais que os templos egípcios eram construídos com base em regras complexas de dimensionamento e posição, servindo como relógios astrológicos ou mesmo como grandes efígies que buscavam atrair energias específicas. Uma das descobertas mais fascinantes neste sentido, realizada pelo egiptólogo Schwaller de Lubicz, foi a de que a maioria dos templos egípcios possuíam marcações em todas as suas peças, e que os blocos se encaixavam em lugares específicos e únicos, formando uma rede de linhas e circuitos que perpassava por toda a construção, como se esta fosse um organismo vivo dotado de sistema circulatório (supostamente para a circulação de energias). Quando os templos eram desmontados, todas as peças tinham seus canais destruídos com um golpe de cinzel, e deixavam de ter ligação com a egrégora do Templo. Neste sentido, os Templos Egípcios podem ser considerados Hipersigilos.

Imagem: entalhes e circuitos simbólicos em templos egípcios, fotos por John West em A Serpente Cósmica.

A prática de Sigilização

A sigilização (ou sigilação) consiste na prática de construir sigilos a partir de uma mensagem ou intenção. Os métodos utilizados podem variar desde o uso de glifos e símbolos já existentes, passando pela criação de novos símbolos pelo magista, e o uso de alfabetos vulgares ou mágicos.

Peter Carrol descreve a operação de um sigilo, em seu Liber Null e Psiconauta, como sendo composta por três partes: sua construção; seu envio para o inconsciente; e seu carregamento ou ativação. As três etapas podem ser realizadas por vários métodos, desde os mais tradicionais aos contemporâneos, à escolha do magista.

Sigilização pelo método de Carroll

Carroll apresenta três exemplos de métodos para a construção de sigilos. O primeiro método é baseado nas letras do alfabeto: escreve-se uma frase, eliminam-se as letras repetidas (e/ou as vogais), e combinam-se as letras restantes na forma de um desenho.

Imagem: exemplo de sigilização alfabética, por Gabriel Costa.

O segundo método é pictórico: desenha-se a intenção desejada e simplifica-se o desenho em etapas, até a obtenção de um símbolo que não represente, à primeira vista, o que foi desenhado inicialmente.

Imagem: exemplo de sigilização pictórica, por Gabriel Costa.

O terceiro método é mântrico: a partir da frase que codifica a intenção, eliminam-se algumas letras e cria-se um mantra que não descreva, em linguagem falada atual, o objetivo inicial.

Imagem: exemplo de sigilização mântrica, por Gabriel Costa.

Outros métodos de Sigilização

Outros métodos podem ser utilizados para a construção de sigilos, como por exemplo as rodas alfabéticas, onde traçam-se linhas passando pelas letras que restaram da frase inicial, e cria-se um desenho estilizado.>

Imagens: (a) quadrado mágico árabe (por Craig Thompson, em Habibi); (b) roda das bruxas para a criação de sigilos (por Maureen Murrish, em The Wheel of the Year); (c) símbolo RosaCruz contendo as letras hebraicas (site ChaosTarot).

A combinação de símbolos é um outro método interessante para a criação de sigilos. Estes símbolos, por sua vez, podem provir de alfabetos mágicos existentes, ou podem ser criados pelo próprio magista.

Imagem: 13 sigilos elementais, por Gabriel Costa.

Sigilos na forma de circuitos, cuja prática tem se iniciado na Tecnomagia, ou ainda sigilos na forma de programas computacionais, também podem ser utilizados para obter efeitos de longo prazo ou aproveitar os benefícios do uso de computadores como facilitadores na prática de sigilação. Existem ainda diversos softwares que auxiliam na criação de sigilos, como o Sigilscribe.

Imagem: circuito de sigilos elementais, por Gabriel Costa.

Carregamento e Ativação de um Sigilo

Após elaborado, um sigilo deve ser lido pela parte consciente da psiquê, enviado para a parte inconsciente, e carregado ou ativado. Em outras palavras, deve ser “consagrado” para que, além da existência física, passe a ter existência no plano astral ou espiritual.

Carroll apresenta alguns exemplos de métodos para isto, como a ativação em estados de emoção extrema, êxtase sexual, ou, preferencialmente, em estado de Gnose. O sigilo também pode ser queimado, enterrado, ou lançado no oceano, ou ainda repetido diversas vezes até a perda do significado, no caso de mantras ou frases.

Nestes casos, o importante é que o objetivo do sigilo não seja trazido a todo o tempo para a mente consciente, para que possa atuar a nível subconsciente. A ansiedade pelos resultados pode atrapalhar sua atração, uma vez que a mente desperta irá bloquear a atuação das energias mágicas. O Censor Psíquico, parte cética da mente que não acredita que a magia funciona por não entender de forma científica os mecanismos envolvidos, também pode atrapalhar na obtenção dos resultados.

Imagens: sigilo da artista Kindra Tia Haugen.

Caso o inconsciente possa trabalhar de forma adequada, os sigilos são uma forma eficaz de atrair os resultados desejados, bem como auxiliar as mais diversas atividades e alterar estados mentais. Os mecanismos de seu funcionamento ainda não são compreendidos cientificamente (com exceção dos aspectos psicológicos e simbólicos envolvidos), e vêm sendo atribuídos a espíritos, anjos, demônios ou forças psíquicas. De qualquer forma, o conhecimento do mecanismo não é estritamente necessário, desde que os resultados sejam alcançados.

Ninguém precisa acreditar em magia.

Mas que ela funciona, funciona.

Por: RoYaL.

Referências: O livro dos resultados — Ray Sherwin; Mistérios Nórdicos — Mirella Faur; A Clavícula de Salomão — Samuel Mathers; A Serpente Cósmica — John West; Liber Null e Psiconauta — Peter Carroll; The Goetia of Dr Rudd — Skinner e Rankine; Habibi — Craig Thompson.

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