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Tarot, história e estrutura

Existem poucas informações confiáveis sobre a verdadeira origem do Tarot. Alguns autores têm tentado encontrar referências de forma histórica, recorrendo o mínimo possível a associações e extrapolações (ato de aplicar o mesmo raciocínio a algo fora do espectro de informações comprovadamente verdadeiras), e mesmo assim ainda há incerteza quanto às origens ciganas, ou mesmo egípcias, desta prática oracular baseada em cartas.

Imagens: Drag Tarot, por Gabriel Costa.

O Tarot de Marselha

Após extensa pesquisa, Nei Naiff concluiu que o Tarot de Marselha, na estrutura mais conhecida hoje, teve sua primeira documentação comprovada no início do século XIII, na forma de um conjunto de placas chamadas Naibis, que eram utilizadas para jogos, aprendizado e contação de histórias, e posteriormente vieram a ter aplicação psicanalítica, oracular e divinatória. Da palavra Naibis, inclusive, teria surgido a definição dos Naipes que são usados até hoje, ou Arcanas Menores. Os Trunfos ou Arcanas Maiores seriam adições posteriores, e se tornaram instrumento para análises relacionadas a questões mais gerais e que influenciam vários campos da vida. A estrutura mais conhecida do Tarot de Marselha possui 78 cartas, sendo 22 Arcanas Maiores e 56 Arcanas Menores.

Imagens: Drag Tarot, por Gabriel Costa.

As Arcanas Maiores

As Arcanas Maiores representam tendências que influem em vários campos da vida, e sua ordem apresenta uma jornada, desde o potencial infinito do Louco, passando pela decisão de qual caminho tomar com o Mago, culminando na obtenção de tudo o que se deseja com o Mundo, e retornando ao Louco no campo das ideias para se regenerar e pensar em uma nova jornada.

Imagens: Drag Tarot, por Gabriel Costa.

As Arcanas Menores

Já as Arcanas Menores possuem as cartas Ás, que são os elementos mentais surgindo em sua forma mais pura, as cartas numeradas de 2 a 10, que representam a jornada através daquele elemento, e as cartas de côrte, que representam os estágios pelos quais uma pessoa passa em sua jornada, manifestando aquele elemento. As adagas (espadas) são geralmente associadas ao Ar, à razão e ao pensamento. Já as taças (copas) são relacionadas à Água, às emoções e ao sentimento. As moedas ou pentáculos (ouros) são relacionados à Terra, aos bens materiais e à sensação física, e os bastões (paus) são relacionados ao Fogo, ao espírito e à intuição. Alguns autores apresentam correlações diferentes a estas para os naipes (principalmente quanto à inversão entre espadas e paus), e alguns baralhos alteram a ordem de algumas Arcanas Maiores, o que influencia a técnica de leitura.

Imagens: Drag Tarot, por Gabriel Costa.

Relação com outros sistemas

Outros símbolos podem estar relacionados a cada carta, como letras hebraicas, figuras mitológicas ou símbolos astrológicos, porém estas adições são realizadas por associação ou proximidade, e não fazem parte da estrutura intrínseca ao Tarot. Os elementos que fazem parte originalmente do sistema do Tarot são, apenas, os aspectos medievais que se apresentam nas cartas desde sua criação e consolidação como um sistema completo.

Imagem: cartas do Tarot Mitológico por Liz Greene e Juliet Sharman-Burke.

Ass.: RoYaL.

Referência: Nei Naiff — Tarô: simbologia e ocultismo.

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Métodos divinatórios: teoria geral e exemplos

A divinação é definida como a prática de adivinhar ou vislumbrar informações não conhecidas de forma consciente pelo praticante. Estas informações podem provir de várias fontes, desde o inconsciente do próprio magista, ou seja, informações que o próprio já havia captado mas não tinha conhecimento disso de forma consciente, até egrégoras que estão no plano etérico e são lidas por meio do método divinatório.

Os métodos divinatórios podem propiciar, também, um encadeamento de informações que já são conhecidas, permitindo realizar projeções sobre o que vai acontecer no futuro. De qualquer forma, na maioria dos métodos de divinação não é necessário definir de onde vieram as informações, focando-se apenas nas formas de canalizá-las para a mente consciente.

Aleatoriedade e Interpretação

Os dois aspectos mais importantes dos métodos divinatórios são, de forma geral, o fator aleatoriedade, que permite que os resultados sejam afetados por energias sutis como as egrégoras e os elementos inconscientes já adquiridos pelo leitor, e o fator interpretativo, que consiste na habilidade do consultor de traduzir os resultados do método para a linguagem humana, seja para entender na prática o que está sendo dito, ou para explicar a outrem.

No que toca aos métodos em si, estes geralmente possuem “casas” e “elementos”. As “casas” são regiões espaciais que representam diferentes atores em uma situação, setores da vida, ou contextos, onde os “elementos” podem cair, formando diversas combinações que seriam os resultados possíveis.

Imagem: jogo de Búzios — Centro Cultural Ifá-Aje

Métodos de Tiragem

Quando se faz um jogo sorteando três cartas do Tarot, três cartas ciganas ou três runas, por exemplo, deve-se primeiramente definir o que representam as três “casas” onde os elementos podem aparecer. Existem métodos onde as três casas representam aspectos gerais de uma situação ou uma pessoa, mas as três casas também podem representar passado, presente e futuro, ou então início, meio e fim de um dia, de uma semana, ou de um ciclo. Os “elementos”, por sua vez, irão aparecer nestas casas, e nestes três sistemas divinatórios, especificamente, não pode haver repetição, uma vez que as cartas e as runas que já saíram não são retornadas para um novo sorteio.

Há ainda a possibilidade de se usar mais casas, como no método da cruz celta, com 10 casas representando a situação do consulente, o que está impedindo ele no momento, o que está influenciando a situação por cima, o que está oculto sob a situação, o passado, o futuro, o papel do consulente, o papel dos outros à sua volta, os medos e preocupações, e o resultado final.

Imagem: método da Cruz Celta — Antonio Carrasco

O iChing

Já no iChing, há 4 possibilidades de elementos: linha Yin fixa, linha Yin mutável, linha Yang fixa, linha Yang mutável, que podem surgir em 6 casas, formando um hexagrama com ou sem mutações. Já na divinação por mapas astrais, os planetas representam os campos ou setores da vida (podendo ser entendidos como as “casas”, nesta classificação geral), e podem estar em 12 diferentes signos, que seriam os elementos a serem interpretados em cada contexto.

Imagem: trigramas do iChing — Constantino Riemma

Outros métodos

No caso dos métodos divinatórios que utilizam tiragens livres ou relações espaciais, as “casas” onde os elementos podem ser apresentar seriam as posições no espaço de análise. As tiragens são interpretadas em termos de quadrantes, posições central, direita, esquerda, acima e abaixo, ou direções Norte, Sul, Leste, Oeste. No jogo de Búzios e na adivinhação com ossos, a análise dos quadrantes é ainda aliada à visibilidade ou não da abertura de ou rachaduras nos elementos do jogo.

Interpretações detalhadas

Além das interpretações básicas, existem ainda interpretações que utilizam combinações ou critérios de posições relativas entre os elementos. No caso dos métodos que usam elementos posicionados aleatoriamente no espaço de leitura, os elementos podem formar desenhos, como é o caso da leitura de borra de café, sombras, nuvens ou fogo.

No caso dos mapas astrais, há triangulação entre planetas, entre outras conjunções. Já no caso do Tarot, a predominância de um naipe ou de arcanas maiores com um mesmo caráter pode ter significação especial.

Combinações possíveis

Quanto mais elementos e casas, mais combinações possíveis para os métodos de leitura. Por outro lado, mais restritas são as interpretações dos elementos. Por exemplo, todas as situações que poderiam acontecer na vida de uma pessoa estão resumidas nas 78 cartas do Tarot de Marselha, mas no Futhark estas situações estão resumidas em 24 runas.

Sendo assim, de forma geral, é natural que cada runa englobe um maior volume de significados do que cada carta do Tarot. Desta forma, a interpretação é mais complexa quanto menos possibilidades de resultados final houver no método.

Ass .: RoYaL.

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Divinação Caoísta

Vários são os métodos existentes de oráculo, cada um com sua origem e suas especificidades. Em seus elementos, cada oráculo busca exprimir toda uma miríade de situações, estados mentais e conceitos, realizando um agrupamento diferente e único. Alguns possuem maior detalhamento (e, por conseguinte, maior número de elementos), enquanto outros indicam o caráter geral das situações (por consequência, cada um dos símbolos tem uma maior bagagem de significados). Outros, ainda, aliam o significado dos elementos às posições em que estes caem, ou relacionam os elementos entre si, o que multiplica a gama de significados.

Leia mais “Divinação Caoísta”

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Tarot: história e estrutura

Existem poucas informações confiáveis sobre a verdadeira origem do Tarot. Alguns autores têm tentado encontrar referências de forma histórica, recorrendo o mínimo possível a associações e extrapolações (ato de aplicar o mesmo raciocínio a algo fora do espectro de informações comprovadamente verdadeiras), e mesmo assim ainda há alguns autores que cismam em forçar origens ciganas, ou mesmo egípcias, para esta prática oracular baseada em cartas.

Leia mais “Tarot: história e estrutura”